quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

alguém quer ser meu amigo?

Escolho meus amigos não pela pele
ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias
e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os também santos,
para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada
e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria e sua farra.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim:
metade bobeira,
metade seriedade;
metade loucura,
metade equilibrio;
metade tempestade,
metade calmaria.
Não quero risos previsíveis
nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
e quero amigos palhaços,
que lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto
e velhos para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios,
crianças e velhos,
tempestade ou mansidão,
nunca me esquecerei de que
"normalidade" é uma ilusão
imbecil e estéril.

Loucos e Santos - Oscar Wilde

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

texto vago

Sinto um vazio no peito
um suspiro, uma dor.
Eu não sei pra onde ir,
sinto que onde estou não é o meu lugar.
Meu lugar é sobre as nuvens
pouco acima de onde o céu encontra o mar.

Problemas, afições,
as noites sem dormir.
tudo isso está fudendo a minha cabeça.
tudo isso esta fudendo o meu coração.

Que vontade de fugir disso tudo.
Brincar de faz de conta,
usar o pó de pirlimpipim.
Eu não quero acordar nunca de um sonho que é só meu.

Estou me perdendo na ausência de ter
e na vontade de ser alguém.

O que eu escrevo são palavras sem sentido
apenas fragmentos desconexos
de algo que eu já nem sei.
E eu me sinto tão sozinho.
Hoje eu não sou ninguém.