domingo, 28 de novembro de 2010

manhã de domingo

Nesta manhã, o sol entrou silencioso pela janela do quarto e foi esquentado calmamente as cortinas, as paredes, o assoalho.
O sol desvirginou a minha pele. Foi suave, acariciou-me delicadamente, ouvi o céu azul falar comigo - Bom Dia! e eu o respondi com um sorriso apertado.
Ouço o toque abafado do celular, tenho preguiça.
A porta da casa traspira o ranger da liberdade.
Ouço o toque novamente, eu o havia desligado?
Um telefonema, mas não tenho a menor vontade de saber quem me liga nessa manhã de domingo.
Coloco-me de pé, ando pela casa tentando economizar os passos.
Sinto o gosto do alcool da noite anterior.
Chego a geladeira, vejo o leite desnatado. Me lebro da dieta, me sinto vazio.
Vem o arrependimento.
Um gole d'água pra curar a ressaca.
Tomo um banho, gosto de sentir a água morna descendo pelas costas, lavando a sujeira, lavando os pecados.
Me enconsto na parede pra ver a vida passar.
A sensação da cerâmica fria em contato com a pele é inenarrável.
Faço planos, descubro algumas fraquezas.
Penso em me masturbar.
Lembrei de como a gente transa.
Queria amor e sexo.
Você, não.
Você queria ser estrupado, sentir minha raiva, absorver todo o crime de um ato ilegal.
Fiquei excitado, não me senti a vontade pra gozar.
A sensação da água morna caindo sobre o meu corpo já me dava prazer suficiente.
Ensaboei o meu rosto cuidadosamente para não deixar arder os meus olhos, fitei uma sujeira na parede, pensei em limpá-la mas não quiz sair da posição.
Tirei todo o sabão, fechei o registro, peguei a toalha e me acariciei.
Senti a umidade da pele molhando a toalha, secando o corpo, senti o meu toque.
Gostei de mim, momento intimista. Eu e Eu. Minha pele e a toalha.
Vesti as minhas roupas, dependurei a toalha, tomei um copo de Coca-Cola.
Minha carência passou a parte da manhã lendo blogs alheios até surgir uma inspiração para um texto inusitado que será interrompido pelo estômago a me lembrar do meio dia.

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